Contexto complexo
Mais do que produzir um plano estratégico de elevada complexidade analítica e conceptual, compreensível apenas para quem o produziu e com elevada probabilidade para não ter efeitos práticos, a EMEL apostou num processo de gestão estratégica moderno e orientado para a ação, desenvolvido com o suporte da LBC.
A maioria das pessoas ainda vê a EMEL, Empresa Pública Municipal de Estacionamento de Lisboa, EM, simplesmente como uma entidade de fiscalização e gestão de parques de estacionamento.
Desde 1994, data em que foi criada, o contexto estratégico da EMEL tornou-se mais complexo obrigando-a a adaptar-se e a superar um conjunto de condicionantes à sua atuação e a alargar progressivamente a sua atividade, sendo responsável por:
- Cerca de 38.000 lugares à superfície;
- Mais de 50.000 dísticos de estacionamento de residentes;
- 21 parques de estacionamento (incluindo parques de rotação, parques de estacionamento de longa duração e garagens residenciais) e ainda;
- Gestão do estacionamento condicionado em 3 bairros históricos (Bairro Alto, Alfama e Bica/ Santa Catarina).
Novo posicionamento
Atualmente o foco estratégico da EMEL ultrapassa o da mera entidade de fiscalização. É um verdadeiro agente de mobilidade da cidade de Lisboa, atuando através da componente estacionamento na melhoria das condições de circulação na cidade. A sua atuação é complementar e conjugada com a de outros intervenientes, nomeadamente a Câmara Municipal de Lisboa (CML) (p.e. através do Plano Director Municipal e Plano de Mobilidade), as restantes autarquias da área metropolitana e as empresas de transporte público (ex.: Carris e Metro).
O novo posicionamento da empresa coloca-a perante importantes desafios estratégicos a que é necessário dar resposta, entre os quais:
- Adaptação da empresa às novas competências de fiscalização resultantes da revisão do Código da Estrada, nomeadamente em termos de fiscalização fora dos alvéolos (dos lugares demarcados pagos);
- Capacidade de gestão do estacionamento em novas áreas da cidade;
- Diversificação do atual modelo de exploração, adaptando-o às necessidades das diferentes áreas da cidade e das diferentes deslocações que geram;
- Adequação das tarifas praticadas aos objetivos de mobilidade da cidade e a condições de mercado;
- Melhoria da imagem externa da empresa face ao Munícipe e ao Cliente;
- Diversificação dos meios de pagamento (permitindo uma maior comodidade aos utilizadores e maior eficiência dos processos internos);
- Agilização do processo de instauração de contraordenações que permita dissuadir comportamentos abusivos dos utilizadores;
- Aumento da eficácia e eficiência interna na gestão do estacionamento, para atingir maior produtividade e melhores resultados;
- Revisão do modelo de relacionamento e compensação EMEL-CML.
Plano de ação
Como resultado do projeto realizado, a EMEL construiu um Plano de Negócios a 4 anos, identificando os principais desafios da empresa, os vetores estratégicos de desenvolvimento, os projetos-chave e respetivas projeções financeiras, de forma alinhada com práticas internacionais.
Para José Pedro Melo, Senior Manager no escritório da LBC de Lisboa, “o forte envolvimento interno dos quadros da empresa neste processo e a dinâmica gerada pelos vários workshops realizados, permitiu o compromisso transversal de toda a organização).”
A estratégia definida assenta em 4 vetores de desenvolvimento estratégico, envolvendo a transformação do relacionamento com os principais stakeholders.
Adicionalmente, e como ferramenta essencial de operacionalização da estratégia, foi definido um Plano de Ação, que calendariza e detalha cada projeto identificado no Plano de Negócios e identifica os recursos responsáveis pela sua implementação.
Processos de implementação
Para aferir o sucesso das diversas iniciativas estratégicas foram definidos indicadores de medição do impacto da concretização da estratégia.
Desta forma, estão já em implementação várias ações, que se crê que venham a contribuir significativamente para o aumento da mobilidade na cidade de Lisboa, estando a LBC a apoiar alguns destes processos de implementação. Os resultados operacionais e financeiros da EMEL mostram já uma evolução bastante positiva em 2006, prevendo-se uma evolução mais acentuada em 2007.
A gestão estratégica adotada na EMEL baseia-se nos seguintes princípios:
- Adaptabilidade e agilidade. A empresa deve desenvolver capacidade de adaptabilidade para reagir com agilidade às mudanças no seu contexto;
- Estratégia acionável. A estratégia não é um processo teórico e filosófico, mas um plano acionável e implementável no curto prazo;
- Envolvimento e comprometimento alargado. A definição estratégica não é restrita ou liderada por especialistas, requerendo essencialmente o envolvimento e o comprometimento da liderança de topo e das lideranças operacionais;
- Portefólio de iniciativas. O processo estratégico é baseado num portefólio de iniciativas orientadas para resultados e não num plano estratégico centralizado e estático;
- Resposta a todos os stakeholders. A ação estratégica deve responder a todos os stakeholders, munícipes, contribuintes, Câmara Municipal como acionista, trabalhadores, parceiros e outros agentes da mobilidade em Lisboa;
- Atuação sobre oportunidades conhecidas. A ação estratégica deve-se focalizar nas oportunidades mais próximas de concretização e de benefício e sobre a aprendizagem recente para aumentar as probabilidades de sucesso;
- Definição de indicadores de monitorização. A execução estratégia deverá ser suportada por um conjunto de indicadores que permitam a monitorização em tempo real dos resultados pretendidos e orientem a necessária correção, em vez de uma análise exaustiva à posteriori.